Creatina



nutricionista esportivo


A creatina (ácido α-metil guanidino acético) é uma amina de ocorrência natural encontrada primariamente no músculo esquelético e sintetizada endogenamente pelo fígado, rins e pâncreas a partir dos aminoácidos glicina e arginina (WALKER et al., 1976). No corpo humano, ela é encontrada nas formas livre (60 a 70%) e fosforilada (30 a 40%). Cerca de 95% do conteúdo total de creatina é armazenado no músculo esquelético, sendo que o restante situa-se no coração, músculos lisos, cérebro e testículos (TERJUNG et al., 2000, WYSS et al., 2000). O consumo de creatina via alimentação dá-se especialmente por meio de carne vermelha e peixes, ou por suplementação. A produção endógena (1g.dia-1) somada à obtida na dieta (1g.dia-1 para dietas onívoras) iguala-se à taxa de degradação espontânea. Em um processo não enzimático, a creatina e fosfocreatina são degradadas a geram creatinina, a qual é excretada na urina após a filtração renal (WALKER, 1979).

A creatina exerce um papel muito importante no metabolismo energético. Sua principal função ocorre quando se encontra na forma fosforilada, agindo como uma doadora de fosfato para moléculas de ADP, ressintetizando o ATP que é degradado em condições de alta demanda energética dentro da célula. O trabalho clássico de Harris et al. (1992) demonstrou que a suplementação de 20 g.dia-1 de creatina promove aumento de 20% na concentração intramuscular de creatina.

Desde então, muitos estudos foram realizados objetivando avaliar o efeito da suplementação sobre diversas variáveis. Dada a importância da creatina no metabolismo energético, muitos pesquisadores se preocuparam em verificar os efeitos ergogênicos da suplementação de creatina. De fato, há na literatura muita evidência de que a creatina promove ganhos significativos em força e potência musculares (BEMBEN et al., 2005, HOFFMAN et al., 2005, MAGANARIS et al. bem como aumento da massa magra e da síntese de proteínas contráteis (HOFFMAN et al., 2005, WILLOUGHBY et al., 2003). Não há dúvidas de que a creatina exerça um pronunciado efeito ergogênico, o que ocorre principalmente em atividades intermitentes de alta intensidade e curta duração (BEMBEN et al., 2005).

Apesar de a creatina ter se popularizado como agente ergogênico para atividades de alta intensidade, é crescente o número de evidências de sucesso no emprego da creatina como agente terapêutico. Estudos recentes demonstram que a suplementação de creatina pode auxiliar no tratamento de certas doenças neuromusculares, tais como: miopatias inflamatórias, citopatias mitocondriais e distrofia muscular (TARNOPOLSKY et al., 1999, TARNOPOLSKY et al., 1997, YOUNKIN et al., 1987). Além disso, novos achados promissores sugerem que a suplementação de creatina pode incrementar o consensual efeito do treinamento aeróbio na tolerância à glicose (DENGEL et al., 1998, GUALANO et al., 2007, HENRIKSEN, 2002, PEREIRA et al., 2004) e no perfil lipídico (KATZMARZYK et al., 2001, LEMURA et al., 2000, WATKINS et al., 2003), o que teria grande relevância no tratamento e prevenção de diabetes mellitus e doenças cardiovasculares, consideradas graves problemas de saúde pública.



Texto elaborado por: Bianca Magnelli Nutricionista Esportiva, graduada pela Faculdade de Saúde Pública da USP

Nutricionista Esportiva, graduada pela Faculdade de Saúde Pública da USP